31.7.06

 

Mais novos procuram informação sobre o que os rodeia na internet, alerta investigadora

Férias não interferem nos conteúdos mais vistos
Informação nos outros meios

Desde que começaram as férias de Verão, o consumo televisivo nos jovens entre os 4 e os 14 anos cresceu cerca de 3,2%. Apesar de se tratar de um aumento da audiência média (comparando os dias 24 de Maio a 18 de Junho e 24 de Junho a 18 de Julho) pode não representar um aumento qualitativo no consumo de televisão.

É que, segundo os dados disponibilizados pela Marktest, os programas mais vistos continuam a ser os mesmos - se não contarmos com os jogos do Mundial de futebol -, ou seja "Morangos com açúcar", "Floribella" e "Dei-te quase tudo", e os horários mais vistos não sofreram alterações (20-24, 18-20 e 12-15, por esta ordem).

No entender de Cristina Ponte, professora de Ciências da Comunicação, o facto de existir um paralelismo entre o consumo de televisão durante o ano lectivo e nas férias escolares, bem como se manterem os formatos exibidos, significa que não houve uma mudança "radical" nos hábitos dos jovens.

"Os dados não são estudados de forma qualitativa. Não se explica qual é a relação com os média. O facto de a televisão estar ligada não quer dizer que esteja a ser vista", assinalou a investigadora sublinhando que é preciso fazer distinções nesta faixa etária. "Aos 4 anos, os mais pequenos, vêem televisão. Mas no final da infância, princípio da adolescência, estar com os amigos é muito importante. A televisão está ligada, mas atenção é partilhada com outros meios como o telemóvel e a internet", explicou.

Ao contrário do que se possa pensar, os jovens não estão tão desatentos sobre o que os rodeia. O facto de os blocos informativos só apareceremem décimo lugar na tabela, isso não quer dizer que não estejam informados, diz Cristina Ponte."As crianças e jovens não se interessam pela informação televisiva porque ela não está contextualizada. Mas procuram-na em programas como o 'Daily show' e na internet". A investigadora, que está a preparar um trabalho sobre o tratamento das crianças nas notícias, ressalva que este afastamento se deve à ideia "errada" de que "só se começa a pensar na vida a partir dos 18 anos". Afirma "Devia haver programas de informação vocacionados para captar a atenção dos mais jovens". É que, segundo diz, como os jovens não falam com os adultos sobre a actualidade - por acharem que estes não os ouvem - aumenta ainda mais o fosso entre gerações. Os mais novos procuram a informação e partilham-na entre si. Enquanto que os mais velhos julgam que estes estão alienados. Cristina Ponte lembrou programas como o "Caderno diário" e o "Quiosque" como bons exemplos de informação para os pequenos, ainda que passassem a mensagem de que estes só se interessavam pelo meio ambiente e animais. Mas lamentou que, por se tratarem de produções caras, não tivessem tido continuidade.

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