15.8.06
TV tira tempo e inibe vontade
Amor amor, desliga a televisão”, canta a Micaela e com toda a autoridade. A verdade é mesmo essa, a televisão faz mal à vida sexual e social do casal e, o que até há bem pouco tempo era uma teoria, agora está provado cientificamente. De acordo com um estudo de uma investigadora italiana, os casais com televisão no quarto têm uma vida sexual menos activa.
Os números não deixam margem para dúvidas. Dos 523 casais italianos envolvidos na investigação, aqueles que deixam a televisão fora da parte mais íntima da casa têm muito mais sexo do que os restantes.
Em média, os ‘antitelevisor’ no quarto têm sexo duas vezes por semana, o equivalente a oito vezes por mês. Por sua vez, os que têm televisão no quarto ficam-se pelos dois a quatro actos sexuais por mês. Para os casais com mais de 50 anos, a diferença nos resultados é ainda mais desanimadora. De uma média de sete actos sexuais, desce-se para um.
Estas conclusões constam no relatório efectuado pela sexóloga Serenella Salomoni, responsável do estudo, que garante: “Sem televisão no quarto, o número e a frequência com que se pratica o acto sexual aumenta substancialmente.”
CONTEÚDO TAMBÉM IMPORTA
Não é só o facto de ver televisão que prejudica a vida sexual dos casais. O que se vê no pequeno ecrã também tem influência na relação e forma de conviver entre homem e mulher.
Os filmes violentos, por exemplo – muitas das vezes mais ao gosto do sexo masculino – reduzem substancialmente a vontade do casal abraçar-se enquanto está deitado na cama.
Também os ‘reality shows’ têm um efeito nocivo no desejo sexual. Um terços dos interrogados garante que fica sem qualquer vontade de estar com o parceiro depois de assistir a um episódio da novela da vida real.
O CM procurou saber a opinião do especialista português Nuno Nodim, psicólogo especializado na área da sexologia, que não se mostrou muito convencido com o estudo, alertando para a necessidade de interpretar com cuidado os dados estatísticos.
E SE NÃO FOR A TV?
“A tendência é para concluir que as pessoas têm televisão no quarto e por causa disso têm menos relações sexuais. Uma coisa pode não provocar a outra. Pode não ser a televisão que esteja a causar a ausência de sexo, mas pode ser a ausência de sexo que esteja a causar a presença da televisão”, comentou Nuno Nodim.
De acordo com o psicólogo, são os casais que na maioria das vezes encontram justificações para algo que os incomoda.
“Os casais que tenham uma vida sexual menos intensa ou que tenham algum problema podem arranjar com mais facilidade uma televisão para colocar no quarto. Dizer que uma coisa é consequência da outra é um bocadinho complicado de provar”, diz.
EFEITO ESTIMULANTE
Mesmo assim, a questão – ‘A televisão prejudica a vida sexual do casal?’ – mantém-se, apesar de a resposta não ser conclusiva. “Eu não afirmaria tal coisa”, avança Nuno Nodim.
“A televisão pode servir de pretexto, como muitas outras coisas, para evitar ter relações sexuais. Não é a televisão em si, não são as crianças, como também não são muitos outros factores como o stress, o cansaço ou o trabalho. Muitas das vezes são apenas subterfúgios, justificações para uma coisa que não iria existir de uma forma ou de outra”, explica o psicólogo, chamando a atenção para o facto de a televisão poder ter o papel de estimulante.
“Que a televisão possa servir como desculpa para que não haja uma coisa, tudo bem, pode acontecer, mas ter televisão no quarto também pode servir para se ver um filme erótico ou pornográfico e assim estimular a vida sexual do casal. Não penso que a televisão possa ou deva ser o bode expiatório para a vida sexual de cada um.”
De acordo com a situação verificada com os diferentes tipos de conteúdo, Nuno Nodim considera natural a influência na atitude das pessoas, chegando mesmo a aconselhar os casais que o consultam a tomar algumas iniciativas.
“Qualquer coisa que uma pessoa veja ou leia tem influência no estado de espírito. Mortes, guerras ou filmes violentes ou mais chatos têm interferência. As pessoas não são imunes ao que são expostas”, diz, dando como exemplo as suas consultas: “Nas situação de aconselhamento de casais, já tenho recomendado que leiam contos eróticos ou que vejam filmes eróticos ou até mesmo pornográficos. Naturalmente tem um efeito na libido no interesse sexual das pessoas.”
NORTE-AMERICANOS RADICAIS COM TELEVISÃO
Para combater estes dados, vários casais norte-americanos já optaram por erradicar o televisor, pelo menos durante o primeiro ano de vida em comum. A Comunicação Social norte-americana relata a história de um casal que optou por ‘desligar’ o aparelho. Em teoria, o tempo passado em casa seria gasto em conversa e interacção. No entanto, nem tudo correu bem quando se passou à prática. Após algum tempo sem televisão – foi, propositadamente, guardada num armário na cave –, o casal começou a revelar algumas dificuldades de comunicação com amigos e familiares, pois, invariavelmente, as conversas versavam sobre programas ou notícias passadas no pequeno ecrã. Reza a história que o homem foi apanhado na cave, em flagrante, a assistir a um jogo da sua equipa de futebol americano.
Naturalmente desagradada com a situação, pois a regra aplicar-se-ia ao casal e não só a ela, a mulher insurgiu-se. A solução encontrada por ambos não passou pela erradicação do televisor, mas sim por uma utilização regrada e localizada, uma vez que o aparelho só existe na sala e não no quarto.
CADA CASAL SUA SENTENÇA
Afinal, o que pode prejudicar a vida sexual dos casais? A resposta, de acordo com o psicólogo Nuno Nodim, é complicada, porque “cada casal tem uma dinâmica própria”. “Depende de muitos factores. Desde o interesse sexual das pessoas envolvidas, até ao facto de ser uma relação mais afectuosa ou mais física. Tudo pode interferir na actividade sexual de um casal”, explica.
No entanto, existem factores que são prejudiciais a uma vida, não só sexual, mas também social: “O cansaço, a má alimentação, a doença, tudo pode afectar. O ideal é que as situações sejam passageiras. Dizer que se está constantemente cansado para não ter relações sexuais não é normal. A rotina também faz, naturalmente, com que seja menos interessante.”
MAIS BEBÉS NO APAGÃO
Apesar de não conhecer o estudo italiano, Santinho Martins, presidente da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica, concorda que é possível estabelecer uma relação entre a TV e a vida sexual dos casais, referindo, como exemplo, um acontecimento verificado na década de 60 em Nova Iorque.
“Posso dar o exemplo de um aumento brutal do número de nascimentos, consequência de um apagão em Nova Iorque nove meses antes”, afirma o sexólogo, explicando: “É possível fazer a leitura de que a televisão ocupa demasiado tempo na vida de um casal, que deixa de ter disponibilidade para a relação sexual.”
José Carlos Garrucho, terapêuta familiar e de casal, considera, por sua vez, que a relação causa/efeito é exagerada, mas reconhece que a televisão interfere: “Trata-se de uma relação a três. Na vida do casal deixa de haver espaço para a intimidade.”
Quanto ao episódio do apagão, José Carlos Garrucho explica o fenómeno: “Em situações de grande ansiedade, como guerras ou genocídio, existe a tendência para provocar um aumento de fertilidade. Parece contraditório, mas é a realidade. Essas situações promovem níveis de ansiedade que só são compensados pela relação sexual. Num apagão, as pessoas ficam privadas daquilo que é o modo de funcionar.”
Sobre a medida radical do casal norte-americano (ver caixa), José Carlos Garrucho defende uma atitude mais moderada. “A televisão não precisa de ser totalmente excluída. É claro que perturba a vida de um casal, mas se eles passarem o dia a pescar, por exemplo, também atrapalha.”
MALES DA CAIXA MÁGICA
A televisão parece ser o verdadeiro ‘bicho papão’ da sociedade actual. Estudos atrás de estudos garantem que a velhinha caixa mágica, venerada por ter mudado o Mundo, é também responsável por todos os males, desde a obesidade infantil, perda de sono, até puberdade.
OBESIDADE
Um estudo realizado por uma universidade norte-americana defende que alguma programação infantil e o excesso de tempo a ver televisão contribui para o aumento da obesidade nas crianças. Uma das recomendações, para combater a situação, passa por utilizar personagens queridos às crianças, em campanhas de sensibilização, apelando a uma alimentação mais saudável.
PUBERDADE
Outra investigação concluiu que a variação de luz nas imagens televisivas pode antecipar o surgimento da puberdade. A elevada exposição a essa alteração de luminosidade interfere na segregação da hormona que ‘controla’ o relógio interno dos humanos, acelerando todo o processo.
SONO
A revista ‘Journal of Sleep Research’ publicou uma investigação, na qual se conclui que as crianças têm mais dificuldades em dormir quando assistem televisão durante muito tempo. Para este estudo o Departamento de Psiquiatria Pediátrica de Helsinquia, Finlândia, analisou 321 crianças com cinco e seis anos.
Os números não deixam margem para dúvidas. Dos 523 casais italianos envolvidos na investigação, aqueles que deixam a televisão fora da parte mais íntima da casa têm muito mais sexo do que os restantes.
Em média, os ‘antitelevisor’ no quarto têm sexo duas vezes por semana, o equivalente a oito vezes por mês. Por sua vez, os que têm televisão no quarto ficam-se pelos dois a quatro actos sexuais por mês. Para os casais com mais de 50 anos, a diferença nos resultados é ainda mais desanimadora. De uma média de sete actos sexuais, desce-se para um.
Estas conclusões constam no relatório efectuado pela sexóloga Serenella Salomoni, responsável do estudo, que garante: “Sem televisão no quarto, o número e a frequência com que se pratica o acto sexual aumenta substancialmente.”
CONTEÚDO TAMBÉM IMPORTA
Não é só o facto de ver televisão que prejudica a vida sexual dos casais. O que se vê no pequeno ecrã também tem influência na relação e forma de conviver entre homem e mulher.
Os filmes violentos, por exemplo – muitas das vezes mais ao gosto do sexo masculino – reduzem substancialmente a vontade do casal abraçar-se enquanto está deitado na cama.
Também os ‘reality shows’ têm um efeito nocivo no desejo sexual. Um terços dos interrogados garante que fica sem qualquer vontade de estar com o parceiro depois de assistir a um episódio da novela da vida real.
O CM procurou saber a opinião do especialista português Nuno Nodim, psicólogo especializado na área da sexologia, que não se mostrou muito convencido com o estudo, alertando para a necessidade de interpretar com cuidado os dados estatísticos.
E SE NÃO FOR A TV?
“A tendência é para concluir que as pessoas têm televisão no quarto e por causa disso têm menos relações sexuais. Uma coisa pode não provocar a outra. Pode não ser a televisão que esteja a causar a ausência de sexo, mas pode ser a ausência de sexo que esteja a causar a presença da televisão”, comentou Nuno Nodim.
De acordo com o psicólogo, são os casais que na maioria das vezes encontram justificações para algo que os incomoda.
“Os casais que tenham uma vida sexual menos intensa ou que tenham algum problema podem arranjar com mais facilidade uma televisão para colocar no quarto. Dizer que uma coisa é consequência da outra é um bocadinho complicado de provar”, diz.
EFEITO ESTIMULANTE
Mesmo assim, a questão – ‘A televisão prejudica a vida sexual do casal?’ – mantém-se, apesar de a resposta não ser conclusiva. “Eu não afirmaria tal coisa”, avança Nuno Nodim.
“A televisão pode servir de pretexto, como muitas outras coisas, para evitar ter relações sexuais. Não é a televisão em si, não são as crianças, como também não são muitos outros factores como o stress, o cansaço ou o trabalho. Muitas das vezes são apenas subterfúgios, justificações para uma coisa que não iria existir de uma forma ou de outra”, explica o psicólogo, chamando a atenção para o facto de a televisão poder ter o papel de estimulante.
“Que a televisão possa servir como desculpa para que não haja uma coisa, tudo bem, pode acontecer, mas ter televisão no quarto também pode servir para se ver um filme erótico ou pornográfico e assim estimular a vida sexual do casal. Não penso que a televisão possa ou deva ser o bode expiatório para a vida sexual de cada um.”
De acordo com a situação verificada com os diferentes tipos de conteúdo, Nuno Nodim considera natural a influência na atitude das pessoas, chegando mesmo a aconselhar os casais que o consultam a tomar algumas iniciativas.
“Qualquer coisa que uma pessoa veja ou leia tem influência no estado de espírito. Mortes, guerras ou filmes violentes ou mais chatos têm interferência. As pessoas não são imunes ao que são expostas”, diz, dando como exemplo as suas consultas: “Nas situação de aconselhamento de casais, já tenho recomendado que leiam contos eróticos ou que vejam filmes eróticos ou até mesmo pornográficos. Naturalmente tem um efeito na libido no interesse sexual das pessoas.”
NORTE-AMERICANOS RADICAIS COM TELEVISÃO
Para combater estes dados, vários casais norte-americanos já optaram por erradicar o televisor, pelo menos durante o primeiro ano de vida em comum. A Comunicação Social norte-americana relata a história de um casal que optou por ‘desligar’ o aparelho. Em teoria, o tempo passado em casa seria gasto em conversa e interacção. No entanto, nem tudo correu bem quando se passou à prática. Após algum tempo sem televisão – foi, propositadamente, guardada num armário na cave –, o casal começou a revelar algumas dificuldades de comunicação com amigos e familiares, pois, invariavelmente, as conversas versavam sobre programas ou notícias passadas no pequeno ecrã. Reza a história que o homem foi apanhado na cave, em flagrante, a assistir a um jogo da sua equipa de futebol americano.
Naturalmente desagradada com a situação, pois a regra aplicar-se-ia ao casal e não só a ela, a mulher insurgiu-se. A solução encontrada por ambos não passou pela erradicação do televisor, mas sim por uma utilização regrada e localizada, uma vez que o aparelho só existe na sala e não no quarto.
CADA CASAL SUA SENTENÇA
Afinal, o que pode prejudicar a vida sexual dos casais? A resposta, de acordo com o psicólogo Nuno Nodim, é complicada, porque “cada casal tem uma dinâmica própria”. “Depende de muitos factores. Desde o interesse sexual das pessoas envolvidas, até ao facto de ser uma relação mais afectuosa ou mais física. Tudo pode interferir na actividade sexual de um casal”, explica.
No entanto, existem factores que são prejudiciais a uma vida, não só sexual, mas também social: “O cansaço, a má alimentação, a doença, tudo pode afectar. O ideal é que as situações sejam passageiras. Dizer que se está constantemente cansado para não ter relações sexuais não é normal. A rotina também faz, naturalmente, com que seja menos interessante.”
MAIS BEBÉS NO APAGÃO
Apesar de não conhecer o estudo italiano, Santinho Martins, presidente da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica, concorda que é possível estabelecer uma relação entre a TV e a vida sexual dos casais, referindo, como exemplo, um acontecimento verificado na década de 60 em Nova Iorque.
“Posso dar o exemplo de um aumento brutal do número de nascimentos, consequência de um apagão em Nova Iorque nove meses antes”, afirma o sexólogo, explicando: “É possível fazer a leitura de que a televisão ocupa demasiado tempo na vida de um casal, que deixa de ter disponibilidade para a relação sexual.”
José Carlos Garrucho, terapêuta familiar e de casal, considera, por sua vez, que a relação causa/efeito é exagerada, mas reconhece que a televisão interfere: “Trata-se de uma relação a três. Na vida do casal deixa de haver espaço para a intimidade.”
Quanto ao episódio do apagão, José Carlos Garrucho explica o fenómeno: “Em situações de grande ansiedade, como guerras ou genocídio, existe a tendência para provocar um aumento de fertilidade. Parece contraditório, mas é a realidade. Essas situações promovem níveis de ansiedade que só são compensados pela relação sexual. Num apagão, as pessoas ficam privadas daquilo que é o modo de funcionar.”
Sobre a medida radical do casal norte-americano (ver caixa), José Carlos Garrucho defende uma atitude mais moderada. “A televisão não precisa de ser totalmente excluída. É claro que perturba a vida de um casal, mas se eles passarem o dia a pescar, por exemplo, também atrapalha.”
MALES DA CAIXA MÁGICA
A televisão parece ser o verdadeiro ‘bicho papão’ da sociedade actual. Estudos atrás de estudos garantem que a velhinha caixa mágica, venerada por ter mudado o Mundo, é também responsável por todos os males, desde a obesidade infantil, perda de sono, até puberdade.
OBESIDADE
Um estudo realizado por uma universidade norte-americana defende que alguma programação infantil e o excesso de tempo a ver televisão contribui para o aumento da obesidade nas crianças. Uma das recomendações, para combater a situação, passa por utilizar personagens queridos às crianças, em campanhas de sensibilização, apelando a uma alimentação mais saudável.
PUBERDADE
Outra investigação concluiu que a variação de luz nas imagens televisivas pode antecipar o surgimento da puberdade. A elevada exposição a essa alteração de luminosidade interfere na segregação da hormona que ‘controla’ o relógio interno dos humanos, acelerando todo o processo.
SONO
A revista ‘Journal of Sleep Research’ publicou uma investigação, na qual se conclui que as crianças têm mais dificuldades em dormir quando assistem televisão durante muito tempo. Para este estudo o Departamento de Psiquiatria Pediátrica de Helsinquia, Finlândia, analisou 321 crianças com cinco e seis anos.
Comments:
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Olá!
parabéns pelo BLOG. Aproveito para desejar a todos um OPTIMO ANO 2010 e dar a conhecer o meu BLOG...
http://terapiassexuais.blogspot.com
Fernando Eduardo Mesquita
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